Se tem um assunto que ninguém gosta de falar é sobre morte, contudo, em um contexto de aposentadoria, é normal pensar quantos anos de vida ainda tem pela frente para fazer um planejamento e garantir um padrão de vida adequado no final da vida.
Esse tipo de pensamento se intensificou nos últimos tempos por conta do projeto de Reforma da Previdência. Gerou-se uma polêmica porque atualmente, a expectativa de vida dos brasileiros é de 76 anos, segundo o IBGE, enquanto a reforma prevê a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria. Em matemática simples, restariam apenas 11 de aposentadoria. O brasileiro então morrerá de trabalhar?
A discussão fica ainda mais séria quando se pensa nas diferenças regionais, na região Norte, a expectativa é de 72,8 anos, por exemplo, enquanto na Sul é de 78,3 anos. Sendo assim, quem nasceu na região Norte tem 5,5 anos a menos para viver a aposentadoria.
Contudo, pensando mais friamente, não que essa expectativa de vida ao nascer não importe, mas o que vale mesmo é a expectativa de vida de vésperas da aposentadoria.
O que isso significa? A expectativa de vida ao nascer é calculada a partir das idades das pessoas que morreram em determinado ano, são somadas e, depois, divididas pelo total de óbitos. Mas é claro que considera todos os motivos possíveis de morte, como mortalidade infantil.
Por isso, o cálculo da expectativa de vida antes de aposentar faz mais sentido, afinal, um idoso não tem mais risco de mortalidade infantil. Neste caso, se a idade para aposentar for 65 anos, para calcular, temos que excluir riscos de mortes até 64 anos.
Para saber quanto poupar para a sua aposentadoria, de acordo com a sua expectativa de vida agora, podemos basear nos cálculos que a consultora financeira CFP® Luciana Ikedo fez para o portal Valor Investe.
A consultora considerou a renda média do brasileiro de R$ 2.270 mensais, e a idade de aposentadoria que tem sido alvo de polêmica, 65 anos. O investimento seria hipotético de rendimento real (descontada a inflação) de 4% ao ano. Vale lembrar que quanto mais velho fica, a expectativa de vida vai subindo. Confira como ficou na tabela:
Idade atual |
Expectativa de vida |
Tempo de contribuição (anos) |
Tempo de utilização do recurso (anos) |
Montante no momento da aposentadoria, aos 65 anos |
Contribuição Mensal |
Fatia da renda poupada ao mês |
20 |
77,7 |
45 |
12,7 |
R$ 270.625 |
R$ 181 |
8% |
30 |
78,5 |
35 |
13,5 |
R$ 284.493 |
R$ 314 |
14% |
40 |
79,3 |
25 |
14,3 |
R$ 295.693 |
R$ 578 |
25% |
50 |
80,5 |
15 |
15,5 |
R$ 315.160 |
R$ 1.285 |
57% |
Fonte: Luciana Ikedo, consultora CFP®
Repare que o tempo de contribuição diminui com o passar do tempo, contudo, a contribuição deve ser maior se você começar se você começar mais tarde. Por isso, o tempo de começar é o mais cedo possível.
Tenha um plano B
Além de contar com a previdência tradicional, que tem um teto limitado e pode não atender seu padrão de vida nos anos que restarem, você tem a opção de contar com uma previdência complementar.
É um investimento a longo prazo que você guarda uma quantia, durante um período determinado e de acordo com sua disponibilidade. Conforme o tempo passa, o saldo vai sendo acumulado, juntamente com os rendimentos.
O valor da previdência privada somado à tradicional pode garantir um padrão confortável de vida, conforme seus objetivos. Aproveite o agora para se preparar.